domingo, 4 de dezembro de 2016

Se não jogou, jogue! - Castlevania: Lords of Shadow (PC)


Oblivium Sempiternum Demonis.



Salve salve, galerinha desocupada! Tudo de boas com vocês?

Ah, mas que noite terrível pra se ter uma maldição... Bem, eu não sei onde está o sentido nessa frase clássica — toda noite é ruim pra se ter uma maldição —, mas uma coisa é certa: esta é uma ótima noite pra ler um post novinho aqui no Desocupado!

E como já faz um bom tempo que não falamos sobre Castlevania aqui no blog — mais especificamente há 1 ano e alguns meses —, o papo de hoje será sobre Castlevania: Lords of Shadow, título responsável por rebootar a série clássica e traze-la de uma vez por todas para o reino dos games em 3 dimensões. Lords of Shadow foi desenvolvido pela espanhola Mercury Steam, com uma ajudinha de nenhuma outra senão Kojima Productions, e foi lançado originalmente em Outubro de 2010 para PS3 e Xbox 360. Mais tarde, em Agosto de 2013, o game recebeu uma versão para PC, batizada de Ultimate Edition, com gráficos melhorados e DLCs já inclusas.

São tempos escuros os que vivemos. As crias das sombras espreitam a cada esquina, e o brilho da esperança se torna cada dia mais fraco. Para combater essas criaturas malditas em suas mais profundas raízes, a Irmandade da Luz envia seu filho pródigo, Gabriel Belmont, um guerreiro que busca trazer sua amada Marie de volta à vida. Em uma jornada de fúria, ódio e rancor, Gabriel mergulhará até as profundezas da escuridão para recuperar a luz outrora perdida — ou sucumbir tentando.


Alguns games são grandiosos — têm uma excelente história, gráficos revolucionários, jogabilidade bem elaborada, e daí por diante. Geralmente, esses são os jogos responsáveis por sugar todos os troféus das milhares de premiações existentes por aí. E não é por falta de merecimento: eles realmente fizeram por onde receber o apreço que ganharam.

No entanto, existem outros games que não são tão grandiosos assim. Alguns apresentam ótimas ideias, mas acabam pecando um pouco na jogabilidade, ou empregando gráficos pouco atrativos para o mercado mainstream, ou simplesmente não dando sorte durante a janela de lançamento. Geralmente, são esses jogos que apelidamos de Hidden Gems ("Jóias Escondidas", traduzindo pobremente).

O que separa um Game Of the Year (Jogo do Ano) de um Hidden Gem? Simples: um GOtY é "um jogo muito bom". Ponto final. Um Hidden Gem, por outro lado, é "um jogo muito bom, MAS...".

E é aí que entra o game de hoje, Castlevania: Lords of Shadow: um game muito bom, mas...


O que mais pode chocar os fãs mais inveterados da franquia é o fato de este Castlevania não só ser um reboot, mas também ser totalmente 3D. Não é de hoje que a Konami tenta levar a saga de Drácula e sua turminha do barulho para o reino das três dimensões, mas todas as tentativas até então foram no mínimo desastrosas.

O que faz Lords of Shadow funcionar, então? Simples: suas inspirações. Lords of Shadow pega emprestado vários conceitos gráficos de games como God of War e Devil May Cry, e adapta essas fórmulas para sua realidade gótica e vampiresca. Isso poderia resultar em mais uma cópia fajuta dessas grandes franquias, não fosse pela excelentíssima Direção de Arte e os gráficos super-competentes.

Este último pode parecer um pouco datado hoje em dia — afinal, o game já tem seus 6 aninhos de idade —, mas o relançamento para PC ajudou a dar uma breve repaginada no que já estava velho. A Direção de Arte, porém, permanece cativante até hoje. As criaturas enfrentadas por Gabriel são cada vez mais grotescas e assustadoras, e as paisagens por ele exploradas — desde densas florestas a cemitérios desertificados e, é claro, castelos sombrios — só ficam cada vez mais belas com o passar das fases.  Não foram poucos os momentos em que aproveitei pra tirar algumas fotos nos pontuais enquadramentos panorâmicos que o jogo usa para mostrar seus belos e elaborados cenários.

#FlorestaDoDjabo #NoFilter #BrodersDaLuz


Até aqui, tudo continua muito bonito, mas é quando chegamos na história que Lords of Shadow começa a mostrar seus espinhos.

A proposta inicial do roteiro é diferente e bastante cativante — um guerreiro da luz cheio de rancor sucumbindo cada vez mais às trevas a medida em que avança em sua jornada. Porém, a narrativa sob a qual é contada essa história não se encaixa muito bem com a sua conclusão. Mesmo ao final de seus longos 12 Capítulos, muitas pontas permanecem soltas, com vários acontecimentos permanecendo inexplicados ou sem nenhum sentido aparente.

Lords of Shadow oferece um universo visualmente rico e cheio de detalhes, mas pouco desenvolve em cima dele. Muito do background da história é mostrado através de narrações entre capítulos e pergaminhos escondidos pelas fases. Porém, são raros os momentos em que o que está sendo narrado/lido é representado visualmente na tela. O game faz um ótimo papel em narrar toda a angústia de Gabriel durante sua cruzada, mas pouco faz para mostra-la em tela. Enquanto ouvimos que ele está "cansado, sem dormir ou comer e cada vez mais impiedoso para com seus inimigos", o que vemos in-game é o mesmo Gabriel do começo do jogo, sem nenhuma mudança sequer.

Os Capítulos Adicionais via DLC (já inclusos na versão para PC) também são um pouco divididos. Enquanto Reverie (Capítulo 13) faz um bom trabalho em explicar alguns eventos vistos ao final do jogo e amarrar certas pontas soltas; Ressurrection nada mais é que uma série de batalhas e perseguições frustrantes e troca de bravatas e provocações entre personagens. Em suma, uma perda do seu tempo, então pode deixar pra lá.

"Tá vendo isso aqui, Gabriel? Isso aqui é o que vai na tua cara se tu não seguir meu conselho."


A jogabilidade é um dos pontos fortes de Lords of Shadow, mas também um de seus pontos fracos. Basicamente, a jogabilidade de Lords of Shadow é dividida em duas grandes seções: as Batalhas e a Exploração/Plataforma.

Não há muito do que reclamar em relação a primeira. O combate é bastante familiar pra quem já jogou qualquer outro game do gênero, e é bastante competente no que se propõe. Os golpes são visualmente bonitos e possuem impacto e peso, com combos que se conectam bem e que são satisfatórios de se executar. Alguns inimigos são chatos ao ponto de serem frustrantes (principalmente nos capítulos DLC), mas no geral, as batalhas durante o jogo são empolgantes e divertidas. Isso só se acentua quando chegamos às batalhas contra os chefes. Muitas rendem momentos épicos e marcantes, e outras até pegam emprestado elementos de games como Shadow of The Colossus, pondo você, desocupado, para escalar e trazer abaixo criaturas no mínimo gigantescas.

Porém, é na parte da Plataforma/Exploração que as coisas complicam um pouco. O game possui algumas boas seções de plataforma e quebra-cabeça, mas muitos conceitos se repetem desde o começo do jogo até o final. O level design também não ajuda, muitas vezes até atrapalhando mais que contribuindo para a progressão do jogo. Não foram poucas as vezes que eu tive que procurar online o que fazer em algumas fases — o que é um tanto vergonhoso para um game de Ação tão linear quanto Lords of Shadow. O game também possui elementos de exploração — colecionáveis, upgrades, dentre outros — mas não faz muito para incentivar na busca. Alguns upgrades podem ser adquiridos de primeira, mas outros somente com itens conseguidos nos capítulos mais avançados. Até aí tudo bem, mas o grande problema é que você raramente vai querer jogar uma fase novamente, principalmente se for só pra conseguir aquele upgrade que ficou pra trás — que nem vai te ajudar muito, no fim das contas.

Ok, tem uma pedra ligeiramente diferente na direita, então... acho que é pra esqueda.


 No que diz respeito a Trilha Sonora, Lords of Shadow conta com uma gama de faixas empolgantes e emblemáticas, dando toda a epicidade dos coros orquestrados a suas batalhas frenéticas e cheias de ação. O que atrapalha um pouco, porém, é que muitas dessas faixas acabam se repetindo mais do que o necessário. Temas específicos para determinados momentos ou inimigos fazem falta durante o jogo, deixando o jogador com a mesma musica padrão para todos os momentos de clímax. Mesmo em sua versão mais atual, o game ainda conta com alguns glitches de áudio, que fazem determinados temas continuarem tocando mesmo ao fim de uma batalha ou de uma cena relevante para a trama. Não é algo que atrapalhe o gameplay, mas certamente vai incomodar um pouco aqueles mais detalhistas.

E para ilustrar um pouco minhas palavras, deixo-vos com o tema da batalha contra os vampiros — que, obviamente, também estão presentes aqui. Afinal, o que é Castlevania sem vampiros? Enfim, escuta só:


Ufa! Acabei me prolongando mais do que deveria dessa vez! Acho que me empolguei um pouco, já que queria falar sobre esse game já há algum tempo. Enfim, hora daquela boa e velha nota de sempre!

E aí vai ela -> 8.0 / 10

Castlevania: Lords of Shadow tinha tudo para ser o Game Of the Year de sua geração, mas acabou como mais uma de suas Hidden Gems. A Direção de Arte bem elaborada, os gráficos exuberantes, a trilha sonora cativante e a jogabilidade confortável e frenética certamente se sobressaem, mas não apagam a história conturbada e o muitas vezes frustrante level design de suas fases. O game possui muitas propostas boas — boa parte delas bem executadas, vale ressaltar —, mas acaba tendo problemas ao desenvolve-las, tornando Lords of Shadow uma oportunidade perdida de ser algo ainda melhor.

"Entonce", se você está procurando um game bacanudo para dedicar as próxima 20 e poucas horas da sua vida, não busque mais, pois Castlevania: Lords of Shadow está aqui para você!

E por hoje é só, queridos e queridas.

Um abraço, e até mais!

Por Breno Barbosa

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