domingo, 2 de outubro de 2016

Se não viu, veja! - Luke Cage (2016)

Amor à prova de balas.




Yo, galera desocupada, tudo em paz com vocês?

Se vocês, desocupados e desocupadas, estão aqui hoje, com certeza é porque já conhecem as regras, correto? Toda semana, um post novinho, falando sobre Games, Séries, Filmes, Livros, HQs e o que mais vier em nossas mentes não-tão-perturbadas.

Sabe o que estreou nesse final de semana no nosso sistema de streaming preferido? Ora, claro que sabe! Sim sim, é de Luke Cage que eu tô falando, de quem mais seria? O mais novo membro do Universo Cinematográfico Marvel chegou ao Netflix neste dia 30 de Setembro, com todos os episódios da 1ª Temporada já disponíveis. E pode ter certeza que é sobre ele que falaremos hoje!

Quando a pergunta é "Quem comanda o Harlem", só uma resposta ecoa pelas ruas: Cornell Stokes, mais conhecido como Boca de Algodão. Tráfico de drogas, casas de show, comércio ilegal de armas — seja o que for, tudo gira entorno do Boca de Algodão. O que é necessário, então, para derrubar um negro que tem todo esses poder nas mãos? Simples: um negro com mais poder ainda — e que, de quebra, é à prova de balas. Ninguém mais, ninguém menos que o senhor Luke Cage.


Todos aqui lembram de Jessica Jones? Ora, é claro que lembram! Todos gostaram? Eu também, mas na época a considerei a série mais fraca provinda da parceria Marvel e Netflix. Hoje, minha opinião mudou, e esse posto foi passado para a série aqui em pauta, Luke Cage.

Por que? Particularmente, o principal problema de Jessica Jones foi ter começado com bastante força e ter se perdido mais e mais a cada novo episódio. A trama acabou se esticando mais que o necessário, e ao final, pouco do que ela mostrava me importava. Com Luke Cage, a situação é exatamente o contrário: a série começa muito fraca, e só começa a ganhar força no 7º ou 8º episódio.

"Mas se os casos são tão parecidos, por que, então, você considera Luke Cage mais fraca que Jessica Jones", você pergunta? Bem, há uma série de fatores, então vamos aos poucos — e prometo que vou tentar ao máximo acabar com as comparações por aqui.

Cada série tem o seu ponto de virada — o momento em que o espectador para e pensa "eu TENHO que assistir o próximo episódio! Neste exato momento!". Algumas têm esse momento já no 1º episódio, outras apenas no fim da temporada — e algumas outas nem mesmo conseguem chegar a esse ponto. O importante é conseguir manter o espectador ligado até o ponto de virada. Luke Cage possui, sim, um ponto de virada — um muito bom, diga-se de passagem —, porém, eu me vi obrigado a assistir a série até alcançar esse tão esperado ponto. Luke Cage simplesmente não conseguia me segurar até os 5 ou 6 últimos episódios. Foi só aí que a série começou a crescer em mim, mas não de um jeito totalmente bom. O ponto de virada de Luke Cage faz parecer que tudo o que havia acontecido anteriormente não servisse de nada para a trama — em vez de usar esses acontecimentos como base para enfim tornar-los importantes para a história como um todo. Vilões, motivações, personagens de apoio; muito disso é simplesmente abandonado depois do ponto de virada, fazendo com que todo aquele tempo investido até ali servisse para quase nada.


Outro ponto confuso em Luke Cage são seus personagens. A receita dos filmes de séries de super-herói é fazer com que os personagens de apoio sirvam de base para que o protagonista — e o antagonista, em alguns casos — se elevem. Seja através de um bom parceiro, um capanga implacável ou um interesse amoroso; esses personagens não brilham mais que o herói (ou vilão) justamente para que este(s) esteja(m) no centro dos holofotes.

Porém, acontece exatamente o contrário em Luke Cage. Foram raras as vezes em que eu consegui me importar com Luke — ou algum de seus vilões — mais que com seus personagens de apoio. O que me manteve ligado na série não foi a personalidade confusa — ora muito cômica, ora muito séria — de Luke Cage, mas sim a força e a complexidade das personagens femininas, como a enfermeira Claire Temple (sim, aquela de Demolidor), a detetive Misty Knight e a vereadora Mariah Dillard.

Tanto no que diz respeito a atuação quanto a apresentação e desenvolvimento de personagem, o elenco feminino de Luke Cage se destaca acima de todo o resto. Muitos dos momentos mais marcantes da série tiveram essas personagens como protagonistas, dando um show não só de força e imponência, mas de fragilidade, fraqueza, humanidade. É impossível não desmoronar junto com elas em seus momentos mais emocionantes — assim como é impossível não aplaudi-las quando elas mostram do que são capazes. Essas qualidades se acentuam mais ainda quando as personagens são postas em confronto umas com as outras, rendendo disputas divertidas e diálogos tocantes.


Uma das minhas reclamações em Jessica Jones foram as cenas de ação, que não eram nem um pouco empolgantes, mal dirigidas e até mesmo desnecessárias, algumas vezes, dada temática o teor da série. Infelizmente, Luke Cage também herda esses problemas — e de uma maneira até pior, já que as cenas de ação são necessárias durante boa parte da série. As lutas não são fluidas, e todos os movimentos parecem duros, sem vida e pouquíssimo convincentes. Eu sei que muito disso é feito, muitas vezes, com a intenção de mostrar que herói precisa de muito pouco esforço para acabar com seus inimigos, mas tudo poderia ser feito com mais fluidez e verossimilhança — de modo que realmente acreditemos que aquele capanga foi jogado a 10 metros de distância como se fosse papel.

Porém, o que Luke Cage peca em ação, acerta em diálogos. Até mesmo as conversas mais insignificantes em relação a trama contam com algumas trocas marcantes e muito bem escritas, que fazem pensar são só nas problemáticas mostradas em tela, mas também em questões que fazem parte da nossa realidade. É impossível fazer uma série sobre um super-herói negro vindo do Harlem e não tratar a fundo das questões sociais e raciais da realidade em que os personagens estão inseridos, e Luke Cage faz um ótimo trabalho nesse fronte. A força, a alegria, os problemas, os preconceitos — tudo é mostrado com fidelidade e de maneira contundente, nunca antes vista em uma série desse gênero.

Outra excelente qualidade de Luke Cage é sua trilha sonora. Luke Cage vive e respira cultura negra através de suas musicas, usando e abusando do Jazz e do Blues e pegando algumas rimas emprestadas do Hip Hop. Muitas vezes, inclusive, as faixas são usadas não só como pano de fundo para uma cena, mas sim como parte da cena em si, mostrando artistas mandando ver em suas musicas enquanto estas contrastam com outros acontecimentos. Minha favorita, com certeza, vai para a faixa original em homenagem a Luke Cage (o personagem, não a série), Bulletproof Love, interpretada por Adrian Younge e Ali Shaheed Muhammad em parceria com o rapper Method Man. Escuta aí:


Opa, acho que já é hora daquela boa e velha notinha de sempre, não é?

Ok, aí está ela -> 7,5 / 10

Luke Cage pode até ser — pelo menos em minha opinião — a série mais fraca provinda da parceria Marvel/Netflix até então, mas isso não significa dizer que ela é uma série ruim. Há sim, bastantes problemas — como o ponto de virada excessivamente tardio, que acaba inutilizando alguns elemntos da trama; e as cenas de ação pouco fluidas e mal coreografadas —; mas há também bastantes qualidades — como o fortíssimo elenco de apoio feminino, os diálogos e a representatividade da cultura negra, tanto através das questões abordadas durante a série quanto por sua excelentíssima trilha sonora.

Então, se você está procurando uma nova série para maratonar no Netflix, não procure muito: Luke Cage certamente será a melhor escolha desta semana!

Isso é tudo por hoje, queridos e queridas.

Um abraço, e até mais!

Por Breno Barbosa

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