domingo, 10 de maio de 2015

Se não viu, veja! - Demolidor (1ª Temporada)

Matt é um cara bem legal, pena que não pode ver mulher...




Fala, galerinha desocupada! Tudo tranquilo com vocês? Antes de começar, Feliz Dia das Mães para todas as mamães desocupadas! Logo após ler isso, não se esqueça de lagar o que está fazendo e ir correndo saltar nos braços da sua mamãe — se ela ainda aguentar seu peso, é claro. Não queremos ninguém se machucando por aqui.

Muitos acham que domingo é apenas o dia mais chato da semana, aquele dia em que nada divertido passa na TV, e que os vizinhos resolvem fazer aquele churrasco barulhento e chato... E de fato, domingo é tudo isso mesmo, mas domingo também é dia de post novo aqui no Desocupado! Teremos uma breve, porém divertida, conversa sobre Cinema, Games, Séries, Quadrinhos, Livros ou o que mais acharmos interessante! Porque NÓS é que escolhemos o assunto! Você só aceita e responde quando perguntado! Brincadeira, a gente deixa você escolher também.

Hoje, trago a vocês o primeiro filho do casamento entre Marvel Studios e Netflix — união anunciada no já distante ano de 2013, e que só agora começou a render frutos. Sim, meus caros desocupados, estou me referindo a Demolidor, série que chegou às prateleiras digitais da Netflix no dia 10 de Abril (coincidentemente, há exatamente um mês atrás).

A vida nunca foi fácil para Matthew Murdock. Nascido e criado na Cozinha do Inferno de Nova Iorque, Matt perde a visão em um acidente logo quando criança, e pouco tempo depois, seu pai é assassinado por criminosos. Mesmo com tanta mágoa, Matt quer fazer de sua cidade um lugar melhor. Ele tenta fazer isso como advogado, ao lado de seu grande amigo Foggy Nelson, mas com o tempo, vê que apenas a lei não conseguirá melhorar a cidade que ama. Com isso, Matt resolve recorrer aos seus punhos, tornando-se um vigilante que aterroriza a vida dos criminosos da Cozinha do Inferno. Porém, um nome acaba surgindo em meio ao caos da cidade: Wilson Fisk. Seria ele o culpado por toda o terror que assola a Cozinha do Inferno? Ou seria ele a salvação que a cidade precisava? 




Eu realmente não consigo lembrar de alguma produção da Marvel Studios que tenha me agradado tanto — e que tenha me deixado tão empolgado para o que está por vir — quanto Capitão América 2: O Soldado Invernal. Isto é, até a chegada da série do Demolidor. Particularmente, o seriado do homem sem medo é a melhor coisa feita pela Marvel desde O Soldado Invernal, porém, assim como a adaptação cinematográfica do sentinela da liberdade, Demolidor também não se vê livre de falhas.

Hum... que tal começarmos falando um pouco sobre o outro nome de importância, que também estampa os materiais promocionais da série: Netflix? Graças a essa nova gigante do cenário televisivo, o seriado do homem sem medo pôde chegar às mãos dos espectadores desocupados numa tacada só, todos os 13 episódios de uma só vez. Mas isso não serviu apenas para fazer a alegria dos maratonistas de séries (como este que aqui vos fala). Graças a esse formato, a série também pôde ser produzida de uma vez só, quase como se fosse um filme gigante de 13 horas de duração. Com isso, sana-se a necessidade de reconquistar a audiência da galera a cada novo episódio — como é o caso das séries semanais —, dando um foco maior à narrativa, de modo mais fechado e conciso.

Como eu disse há poucas linhas atrás, graças ao jeito Netflix de ser, Demolidor pôde ser concebido como se fosse um filme de 13 horas. Apesar de parecer brincadeira ou exagero, é mais ou menos assim que a série se dispõe durante seu decorrer. Não há exatamente uma "linha" que separe um episódio do outro. A trama flui de um jeito natural, praticamente deslizando pelos episódios leve e graciosamente (ok, já estou romantizando demais), e as subtramas se encaixam perfeitamente dentro da história maior, de modo que apenas contribuem para o andamento da série e para o desenvolvimento dos personagens.

"Foggy? Eu não acho que eles vendem pizza por aqui..."


A narrativa é um dos pontos mais fortes de Demolidor. Por não ser empregada de um modo linear, ela "passeia" livremente por entre os personagens, e volta no tempo sempre que precisa, a fim de contribuir na construção e na evolução dos personagens, tornando a história cada vez mais interessante de se acompanhar. Gosto de usar o segundo episódio da série como exemplo. Não somente por ser meu favorito, mas também por ilustrar muito bem o que acabei de falar. O episódio tem um início seco, sem nenhuma conexão com o final do episódio anterior, e, constantemente, viaja entre o passado e o presente do protagonista, enriquecendo o plano de fundo do mesmo — até então apenas apresentado, porque convenhamos, é o segundo episódio —, e também aproveitando para mostrar a história pelo ponto de vista dos coadjuvantes, que, apesar de estarem numa subtrama diferente, ainda assim se conectam com a trama do protagonista naquele momento. Não tem muito a ver com que estamos falando neste exato momento, mas ainda no episódio 2, temos também uma das melhores sequências de ação já produzidas pela Marvel Studios. Definitivamente, meu episódio favorito!

Apesar de também estar conectado ao Universo Marvel, Demolidor não se dá ao trabalho de buscar ligações com os personagens cinematográficos, funcionando muito bem por conta própria, sem precisar apelar para "forças externas". Pode se dizer que há algumas brechas durante a série que podem ligar-se com outras séries que estão pra nascer da parceria Marvel/Netflix, mas ainda é cedo para se confirmar qualquer coisa. E aí é que está meu principal problema com Demolidor. A série tem uma história própria, com seus próprios objetivos, e, por acaso, se encontra dentro do Universo Marvel, mas não se preocupa em gritar isso pra quem está assistindo. Ainda assim, muito provavelmente por insistência dos engravatados de alto escalão da Marvel Studios, são deixadas algumas pontas soltas durante a série, que, como dito antes, dão a entender que serão exploradas uma outra hora, mas nada ainda confirmado. São subtramas presentes em dois ou três episódios eventuais, e que fora deles, no contexto maior, acabam não fazendo sentido, parecendo estarem deslocados dentro da trama principal. É estranho, e no mínimo incômodo, ter problemas como esses numa série tão fechada em seu próprio mundinho como Demolidor.

— Nós vamos voltar na próxima temporada?
— Eu não faço a mínima ideia.


Outro grande ponto positivo de Demolidor são seus personagens. Dentre eles, não há como não dar destaque ao protagonista, Matt Murdock (interpretado pro Charlie Cox), e a sua contraparte, Wilson Fisk (vivido por Vincent D'Onofrio). Diferente da maioria das histórias de heróis, do ponto de vista narrativo, não é como se Wilson Fisk fosse somente um obstáculo no caminho de Matt em direção aos seus objetivos. Não é como se Matt Murdock estivesse num Ponto A, a fim de chegar no Ponto B, e, no meio do caminho, houvesse um certo Wilson Fisk pra atrapalhar o dia. Em vez disso, ambos os personagens são muito bem desenvolvidos durante a série, e em um certo ponto, um acaba se tornando o obstáculo no caminho do outro. É como se os dois começassem num Ponto A, indo em direção a um mesmo Ponto B, mas no meio da jornada, seus caminhos se cruzam, e eles se tornam o obstáculo um do outro. Os dois personagens são trabalhados tão bem durante a série, que em pouco tempo, você se verá torcendo não só pelo herói, mas também pelo vilão.

Os coadjuvantes também não ficam por baixo. Todos se encontram bastante confortáveis em seus respectivos papeis, e o relacionamento que demonstram juntos dos personagens centrais é bastante crível, natural e divertido de se acompanhar. Como eu disse, todos estão muito bem, mas o Foggy Nelson de Elden Henson sempre acaba roubando a cena sempre que aparece na tela. Seu relacionamento com o melhor amigo Matt Murdock é muito bem explorado durante a série, e além de ser o protagonista dos diálogos mais divertidos e sem sentido da série, Foggy também possui momentos sérios, igualmente cativantes.

E é claro que não dá pra ter uma série do Demolidor, o homem sem medo, sem muita porrada, e nesse ponto, a nova série da Marvel/Netflix não peca nem um pouquinho. A pancadaria herda bastante da essência do material original do personagem, os quadrinhos, com bastante visceralidade e verossimilhança. Apesar de ser bastante habilidoso, não é como se o Demolidor fosse um Capitão América ou Thor da vida, portanto, ele não só poderá como certamente irá levar bastante porrada de seus inimigos. Isso é retratado muito bem na série, que não se mostra tímida em mostrar seu protagonista apanhando feito um desgraçado enquanto distribui socos e pontapés. As lutas contam com ótimas coreografias, e as cenas de luta são muito bem desenvolvidas. Destaque para a famigerada Cena do Corredor, logo no segundo episódio, que presta uma baita homenagem ao excelentíssimo filme coreano Oldboy. Afinal, não tem como não amar pancadarias em corredores, principalmente se eles são gravadas em plano sequência.

"Hum... acho que encontrei aquele lugar que o Foggy me indicou..."


Bem, acho que já falei tudo o que tinha pra falar sobre Demolidor — pelo menos tudo o que PODERIA falar, afinal, nada de spoilers por aqui. Portanto, creio que esteja na hora daquela velha e boa nota de sempre!

E aí vai! -> 9.5 / 10

O primeiro produto da parceria entre Marvel Studios e Netflix não poderia ser melhor sucedido. Demolidor conta com um roteiro bastante redondo, uma história bem fechada em suas próprias dimensões, mas sem esquecer do universo que habita. Porém, as ligações com esse universo forçam a série a deixar algumas pontas soltas em sua trama, o que, olhando de um ponto de vista geral, acabam parecendo muito mais furos no roteiro que possíveis conexões futuras. A ação é bastante presente durante a série, captura bastante o espírito visceral e realista do personagem nos quadrinhos. Em suma, Demolidor é a melhor produção da Marvel Studios desde Capitão América 2, mas ainda não consegue se livrar das falhas de seus irmãos cinematográficos.

Então, procurando uma boa série pra assistir? Aproveite que a poeira levantada por todo aquele hype passou e corra atrás de Demolidor na Netflix! Convide os amigos e faça uma maratona desta que é, como eu acabei de dizer, uma das melhores produções da Marvel Studios até hoje!

Galerinha, por hoje é só. Um abraço, e até mais!

Por Breno Barbosa

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