domingo, 29 de março de 2015

Se não viu, veja! - Kingsman: Serviço Secreto (2015)

As Maneiras. Fazem. O homem.




Fala, galerinha desocupada, tudo tranquilo com vocês?

Esse domingo tá bem chato, não é? Não tá passando nada legal na TV, seus amigos não te convidaram pra sair, seus pais não estão afim de jantar fora... enfim, um verdadeiro saco. Mas não desanime, ó jovem mancebo, pois eis aqui uma pequena distração neste que costuma ser o dia mais chato da existência! Segure nossas mãos e nós te levaremos à um mundo de magia e aventura, onde unicórnios voam livremente feiticeiros maneiros batalham contra dragões de 8 cabeças! Ou quase isso, na verdade. Aqui podemos não ter unicórnios, feiticeiros ou dragões, mas em compensação, temos Filmes, Livros, Games, Séries, Quadrinhos e até mais algumas coisinhas; o que é quase a mesma coisa, não é?

Nesta semana, trago à vocês um filme — sim, depois de muito tempo, eu finalmente fui ao cinema! — não mais tão atual, mas que continua nas telas do cinema Brasil Baronil afora. Estou falando, meus caros, de Kingsman: Serviço Secreto (ou Kingsman: The Secret Service, no bom inglês), que estreou por aqui no dia 5 de Março. O filme é dirigido por Matthew Vaughn (aquele, de Kickass e X-Men: Primeira Classe), e é baseado na HQ Serviço Secreto (Secret Service), do polêmico autor Mark Millar (o mesmo de Kickass e da Guerra Civil, da Marvel).

Eggsy Unwin é um jovem inglês sem muitas expectativas na vida. Sem estudos, sem emprego, sem objetivos ou sonhos... Ou pelo menos era. Um dia, Eggsy esbarra com Galahad, um misterioso cavalheiro que diz ter conhecido seu pai, morto há 17 anos. Galahad se afeiçoa ao rapaz, e o convida para se juntar à Kingsman, uma organização super-secreta de espiões altamente treinados, que, no atual momento, está treinando jovens talentosos para substituir um de seus membros, que foi assassinado em missão. Enquanto isso, do outro lado do mundo, um gênio da tecnologia trama um plano que promete mudar a humanidade para sempre.


Sabe quando um bom amigo seu vai te escrever uma mensagem de "Feliz Aniversário"? Não aquele amigo que você acabou de conhecer, mas aquele que está com você há anos, que já virou praticamente seu irmão. No fundo, no fundo, a intenção dele ao escrever a mensagem é te desejar felicidades, que você tenha muitos e muitos anos pela frente e dizer que é feliz por ser seu amigo durante tantos anos; e ele até consegue fazer isso, mas do jeitinho dele, ou seja: ele com certeza irá zoar com você, lembrar de alguma situação engraçada ou constrangedora, te chamar pelos apelidos que ele mesmo inventou pra você... Em resumo, ele te esculacha impiedosamente, mas te ama na mesma medida, e isso transparece a toda hora na mensagem.

É mais ou menos isso que Kingsman faz com os clássicos filmes de espionagem: diz que os ama, mas de uma maneira bem zoada. Isso é ruim? Assim como a mensagem de aniversário do seu amigo, nem um pouco.


Já pensou, se alguém pegasse aqueles filmes super-antigos do James Bond — aqueles, com carros com metralhadoras e canetas que atiram — e resolvesse refilma-lo nos dias de hoje, mantendo não só aquelas traquitanas estranhas, mas também toda aquela "breguice" do herói garanhão que sempre se dá bem no final? Provavelmente não iria funcionar, certo? "Errado!", é o que responde Kingsman, ao incorporar todas essas características marcantes (porém não necessariamente boas, é claro) dos filmes clássicos de espionagem, fazendo com que todas elas funcionem de uma maneira divertida e inteligente na tela. Como, você pergunta? Na maior parte do tempo, com um roteiro inteligente, que faz graça de si mesmo ao não levar a sério a própria história que se propõe a contar. Afinal, como levar a sério um isqueiro-granada, ou um guarda-chuva a prova de balas, não é mesmo? Não são poucas as vezes que Kingsman usa da metalinguagem para dar vida a diálogos espertos e viradas engraçadas, principalmente nos momentos em que o desenrolar da história requer um tom mais sério e soturno.

Há até momentos em que o humor que permeia o roteiro de Kingsman é tão ácido que pode até acabar se tornando ofensivo para alguns públicos. Particularmente, eu não lembro de ter me sentido ofendido com algum filme em toda a minha curta vida — afinal, por mais que as mensagens e críticas de alguns filmes sejam reais, eles são obras de ficção. Kingsman não é exceção, mas houveram momentos no filme em que consegui enxergar — figurativamente, não literalmente — algumas pessoas se sentindo ofendidas por algumas piadas do filme, ou até mesmo pelos próprios elementos que compõem o pano de fundo da história. Não há nada que faça você sair do cinema querendo processar o diretor e os roteiristas, mas se você é daqueles que se ofende fácil, Kingsman pode ir de um filme divertido a uma experiência desagradável em poucos segundos.

Apesar de toda sua comédia metalinguística e acidez, Kingsman consegue contar uma história cativante e simples de se acompanhar, cheia de reviravoltas interessantes e uma narrativa que faz com que tudo ande num ritmo mais rápido, mas sem apressar o andamento das coisas.



Mas nem só de roteiros inteligentes e sacadas espertas vivem um espião, não é verdade? Também é preciso atirar em capangas e descer a porrada em vilões, não concorda? E este é mais um dos grandes feitos de Kingsman. A ação é simplesmente espetacular, e de uma maneira até bastante única. A cenas de luta e tiroteios são altamente empolgantes e bem coreografados, bastante divertidas de se assistir, mas o que realmente marca é o "andamento" dessas cenas, por assim dizer. Matthew Vaughn alterna frequentemente entre cenas em câmera lenta e câmera acelerada, tornando toda a ação do filme rápida na maior parte do tempo e impactante nos momentos-chave da porradaria. No começo é bastante estranho de se ver, mas depois de uma ou duas cenas você acaba sedendo ao charme sangrento, visceral e bastante acelerado da ação de Kingsman. Destaque para a cena da pancadaria generalizada na igreja. Sim, Kingsman ousa colocar as palavras "pancadaria" e "igreja" na mesma frase, e pior: faz com que você ache super-divertido.

O melhor de tudo é que Matthew Vaughn e sua equipe conseguiram conciliar ação e roteiro de uma maneira equilibrada e confortável, de modo que nunca há história de menos e porradaria demais, ou história de mais e porradaria de menos, ou seja, assim que você está quase pegando no sono — se é que você vai conseguir fazer isso durante Kingsman —, o filme te faz desencostar as costas da poltrona do cinema e prestar atenção na próxima cena de ação que está prestes a começar.


No que diz respeito a atuações, não há nenhuma performance que faça com que você levante da cadeira do cinema para aplaudir, mas vale a pena dizer que todos os atores parecem estar bastante confortáveis em seus papeis, além de executa-los muito bem. Taron Egerton e Colin Firth mostram ser protagonistas bastante cativantes em um filme com tanta ação quanto Kingsman, além de terem uma excelente pegada para o humor do filme. Assim como nas próprias palavras do personagem de Colin Firth, "Os filmes clássicos de espionagem só são tão bons quanto seus vilões", e essa frase se encaixa perfeitamente no vilão interpretado por Samuel L. Jackson. É um vilão caricato, com objetivos megalomaníacos e impossíveis, mas que acaba conquistando já nos primeiros minutos de filme.

Kingsman também conta com uma trilha sonora muito bem variada, tendo desde temas instrumentais que remetem bastante as trilhas clássicas de James Bond — com direito a variações do tema principal, como mandava o figurino naqueles tempos — até hits relativamente contemporâneos, indo da clássico Give It Up, de KC & The Sunshine Band, à atual Heavy Crown, de Iggy Azalea. Mas meu destaque com certeza irá para Free Bird, de Lynyrd Skynyrd, afinal, não dá pra não ser fanboy quando sua musica favorita toca na cena mais louca do filme.


Hum... hummmm.... é, meus queridos amiguinhos desocupados, acho que já pus pra fora tudo o que queria — e que poderia — falar aqui sobre Kingsman. Agora, é hora daquela boa e velha nota de todo santo post.

E aí vai ela -> 9.0 / 10

Kingsman: Serviço Secreto consegue mesclar ação desenfreada com um roteiro inteligente de uma maneira divertida e confortável de se assistir. A história flui num ritmo bastante rápido, porém igualmente fácil de se acompanhar, contando com um humor recheado de metalinguagem e acidez — tanta acidez, inclusive, que pode acabar ofendendo alguns públicos. Ação empolga e diverte em todos os momentos, regada por uma interessante variação de velocidade e uma trilha sonora extremamente cativante.

Portanto, se você está afim de pegar um cineminha esses dias, não tenha duvida: aproveite que Kingsman ainda está em cartaz e faça a si mesmo o favor de assistir àquele que, até este exato momento, é o filme mais divertido de 2015!

E isso é tudo, meus amiguinhos.

Um abraço na bochecha, um beijo apertado e até a próxima!

Por Breno Barbosa

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