domingo, 17 de agosto de 2014

Nos Embates de Sábado à Noite - Dogfight no Espaço!

Do a Barrel Roll!




Saudações, desocupados do Sistema Lylat, tudo em paz por aí?

Como todos já devem estar carecas de saber, todo fim de semana, faça chuva ou faça sol (não faz muita diferença, já que todos nós escrevemos no conforto de nossas casa. Seria estranho se alguém aqui fosse pro meio da rua pra redigir um texto...) há um post novinho, direto do forno, aqui no Desocupado. Que tipo de post, especificamente? Pode ser uma recomendação, um artigo ou um Especial sobre determinado assunto; mas sempre remetendo a Filmes, Games, Livros, Séries ou Quadrinhos.

Nesta semana, resolvi sair um pouco da rotina de recomendações e dar continuidade a um "quadro" (ou "coluna", ou como quer que você, desocupado, goste de chamar) criado pelo meu companheiro de blog Angelo Alexsander, batizado de Nos Embates de Sábado à Noite (apesar de hoje ser domingo). O que diabos é isso? Com funciona? Eu explico: nesse quadro/coluna, nós escolhemos dois jogos — de uma mesma franquia ou de franquias diferentes — e fazemos uma série de comparações entre eles — Gráficos, Jogabilidade, Trilha Sonora, Impacto... e por aí vai —, com o intuito de escolhermos, em nossa humilde opinião, é claro, qual dos dois jogos é o melhor. Cada critério positivo conta um ponto a mais, e no final, o competidor com mais pontos é elegido o Vencedor.

Se, mesmo depois dessa breve explicação, você não entendeu como funciona, vale a pena dar uma conferida no post original do Angelo, onde ele organiza uma batalha entre dois grandes clássicos da Nintendo: Super Mario World e Super Mario Bros. 3. É só clicar AQUI.

Desta vez, eu também trouxe uma franquia clássica, dona de uma legião de fãs quase tão vasta quanto a do encanador italiano, mas que não tem recebido muito carinho de sua proprietária, Nintendo, nos últimos tempos. Sim, meus caros desocupados, estou falando de Star Fox, a franquia de Shoot'em Ups espaciais da Big N, que não tem um novo título desde de 2006, quando Star Fox Command foi lançado para Nintendo DS. Desculpa, Star Fox 64 3D, mas aqui nessa casa remakes não são considerados títulos novos.

Para o Embate desta noite: do lado esquerdo do ringue, temos Star Fox 64, clássico absoluto do Nintendo 64 e o favorito não só da grande maioria dos fãs da franquia, mas também dos proprietários do console 64-bits da Big N; Do lado direito, temos Star Fox: Assault, último título da série a ser lançado para um console de mesa da Nintendo — o GameCube — e um dos títulos "modernos" menos odiados pelos fãs. Será que o clássico Star Fox 64 é imbatível? Ou será que o injustiçado Star Fox: Assault conseguiu supera-lo?


Para deixar as coisas um pouquinho diferentes, eu resolvi mudar um pouquinho as regras. Em vez de ganhar 1 ponto para cada critério positivo, os jogos PERDERÃO pontos para cada critério negativo. Para isso, ambos os jogos começarão com 10 pontos, que irão diminuindo de acordo com a gravidade de cada elemento negativo. Cada game terá uma pequena análise, onde serão citados esses elementos negativos.

Deu pra entender direitinho? Ok, então vamos começar!


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- Star Fox 64


Entre Fevereiro e Junho de 1993, a Nintendo fez com que crianças de todo o mundo ficassem de queixo caído. Àquela época, todos já estavam bastante familiarizados com o poderio gráfico do SNES. Ou pelo menos achavam que estavam, até darem de cara com o revolucionário Star Fox, um shooter espacial desenvolvido pela Nintendo, que tinha como principal diferencial o fato de ser totalmente tridimensional. Sim, totalmente em 3D, no SNES! Meu Deus, olha só esses gráficos!


Se isso já fez com que todos os gamers da época ficassem surpresos, imagine então quando, 4 anos depois, eles se depararam com Star Fox 64, a sequência direta de Star Fox para Nintendo 64. O primeiro Star Fox foi um sucesso, mas a verdade é que o SNES não tinha poder suficiente para que o jogo saísse 100% como foi planejado, e foi aí que o N64 entrou. Star Fox 64 é tudo o que os desenvolvedores do Star Fox original sonhavam em criar, e até mais, provavelmente.

Levando em consideração a potência do console, Star Fox 64 tem um visual ótimo, e até bastante ambicioso. Dentro do jogo, a câmera limita o jogador à uma visão frontal do cenário, mas é notável que os elementos do cenário se estendem além do nosso campo de visão, dando a impressão de que os mapas são ainda maiores do que o que estamos vendo. Em algumas fases — mais especificamente durante algumas batalhas contra chefes —, a progressão frontal dá lugar a um cenário aberto, onde o jogador pode voar e atirar livremente para todos os lados. Outro grande detalhe é o número de elementos presentes simultaneamente na tela. São dezenas de naves inimigas, e talvez o dobro de tiros vindo delas, sem contar os elementos do próprio cenário. Tudo isso sem causar um slowdown sequer.

Porém, infelizmente, games modelados em 3D tendem a envelhecer mais rápido, e seguindo esse pensamento, os anos não foram muito gentis com Star Fox 64. Apesar de ainda serem funcionais, os gráficos estão bastante datados hoje em dia, tornando-o um pouco menos acolhedor ao gamers mais novos. Sim, para estes, há o remake feito para o Nintendo 3DS — que atualiza os gráficos mantendo a jogabilidade clássica —, mas estamos falando do original, e por mais que me doa dizer isso de um jogo tão querido, é um tanto difícil levar os gráficos de Star Fox 64 a sério hoje em dia.


Apesar dos ótimos gráficos (para a época), é a jogabilidade que realmente rouba a cena em Star Fox 64. É um tanto complicado decorar todos os comandos que o jogo oferece — esquivas, turbinas, freios, mortais aéreos... —, e é mais complicado ainda se acostumar a usa-los na hora certa, mas uma vez que você domina todos eles e se acostuma com o timing das fases, torna-se extremamente recompensante fazer acrobacias aéreas na Arwing de Fox McCloud. Mas nem só de Fox McCloud é composto o grupo mercenário Star Fox. Além de Fox, temos também Falco, o ás arrogante do time; Peppy, o veterano conselheiro; e Slippy, o engenheiro que adora se meter em enrascadas. Cada um deles exerce um papel importante durante as fases. Falco pode te ajudar distraindo e destruindo alguns inimigos, enquanto Slippy traz informações sobre a fase e os inimigos. Mas cuidado, pois eles têm energia limitada, e se caírem durante uma batalha, estarão de fora da próxima, retornando apenas na fase seguinte. É realmente um saco ter que salva-los o tempo todo e ainda ter lidar com os inimigos que estão na sua cola, mas as funções de cada um deles se tornam essenciais para passar das fases ou derrotar os chefes mais facilmente, ou até mesmos cumprir objetivos secundários, que podem resultar em rotas alternativas.


Rotas estas que acabam sendo um dos maiores atrativos de Star Fox 64. Apesar de se manter em um caminho pré-determinado durante as fases, você pode descobrir rotas alternativas para outras fases cumprindo determinados objetivos. Essas rotas mudam não só o caminho que você trilhará até a fase final, mas também a própria história do jogo. Dependendo do caminhar da sua jornada, você pode adquirir aliados, ou descobrir vantagens que te ajudarão nas batalhas seguintes. Isso contribui bastante para o Fator Replay de Star Fox 64, fazendo com o jogador repita a jogatina várias e várias vezes, tentando se superar a fim de experimentar novas fases e caminhos alternativos.

A trilha sonora de Star Fox 64 também é muito bem composta, repleta de temas memoráveis do começo ao fim. A dublagem dos personagens é um tanto quanto mal executada, com interpretações fracas e pouco inspiradas, mas que acaba rendendo algumas boas risadas graças a essa qualidade ruim.

Em suma, Star Fox 64 continua divertido, viciante e empolgante, como sempre foi, mas seu visual acabou ficando um pouco datado. Nada que impeça você, gamer desocupado, de ter uma das melhores experiências que um shooter de naves pode oferecer.









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- Star Fox: Assault


Pergunte aos fãs da franquia Star Fox o que eles acham dos games que foram lançados depois de Star Fox 64, na geração seguinte. Uma boa parte deles vai lhe dar uma resposta negativa. O primeiro game a quebrar o hiato de 5 anos da série desde Star Fox 64 foi Star Fox Adventures, desenvolvido pela Rare para GameCube, que não foi muito bem recebido pelos fãs da série. A nova jogabilidade, que tira Fox de sua fiel Arwing e o põe em uma aventura à pé, em um mundo aberto repleto de dinossauros, apesar de estranha, era até funcional; o grande problema é que essa jogabilidade combinava muito mais com um jogo da série Zelda que com Star Fox, e acabou destoando bastante da proposta inicial da franquia.

Não é bem isso que se espera de um Star Fox, mas... tudo bem... eu acho...

Então, em 2005, Star Fox: Assault chegava ao GameCube, em uma parceria entre a Nintendo e a Namco. Infelizmente, Star Fox: Assault também não foi bem recebido pelos fãs, e acabou fazendo companhia a Star Fox Adventures no hall de "Games Ruins da Franquia Star Fox". Particularmente, eu acho Star Fox: Assault um game bastante injustiçado pelos fãs da série. Sim, ele tem seus vacilos, mas no fundo, no fundo, Assault acaba sendo um bom game.

A começar pelo visual. Star Fox: Assault tem gráficos excelentes, que, mesmo depois de 9 anos desde seu lançamento original, permanecem firmes e fortes até os dias de hoje. Se em sua época, Star Fox 64 já trazia cenários compostos e uma variedade de inimigos simultaneamente na tela, Assault eleva essas qualidades ao máximo, trazendo um maior nível de detalhamento aos elementos vistos na tela. Há muito para se ver na tela de uma vez só, mas nada do que se é visto parece mal acabado ou sem polimento. Star Fox: Assault não é nem um pouco tímido no que diz respeito ao uso de partículas, jogando um monte delas bem na cara do jogador, tornando Star Fox: Assault um belo show de luzes. Os mapas estão ainda maiores, e a sensação de grandeza e vastidão neles é ainda maior que em Star Fox 64. Não são poucas as vezes em que você vai ver seus companheiros de time como pontinhos distantes no fim do cenário — e é claro, você pode voar até eles. Os cenários são bem elaborados, e as sessões on rails ("nos trilhos", onde o jogo guia a sua trajetória) são bem empolgantes, cheias de reviravoltas e mudanças de câmera.


Os pilotos veteranos de Star Fox 64 irão se sentir em casa em Star Fox: Assault. O esquema de controle permanece, em sua maior parte, o mesmo, e a jogabilidade está ainda mais fluída que há 8 anos atrás, no Nintendo 64. Todas as manobras realizadas pela Arwing estão de volta, e tão satisfatórias de se realizar quando em Star Fox 64, tendo como única diferença a curva de aprendizado. Já na primeiras fases de Star Fox 64, o game apresenta todas as possíveis manobras, e a dali em diante, as mesma serão exigidas em praticamente todo pedacinho do jogo. Em Assault, esse aprendizado vai se dando ao longo do jogo inteiro, levando algumas manobras a serem ensinadas apenas em momentos mais tardios do jogo, e exigindo-os apenas nesses determinados momentos. Em poucas palavras, você demora um pouco mais para dominar todas as acrobacias da Arwing em Star Fox: Assault, mas nada que atrapalhe ou diminua a experiência. O que dói um pouco, porém, é a ausência das rotas alternativas de Star Fox 64. As rotas alternativas contribuíam bastante para o Fator Replay de Star Fox 64, fazendo com que cada nova jogatina fosse diferente da anterior, e dando uma maior liberdade ao jogador de criar seu próprio caminho até a fase final. Em Assault, essas rotas são inexistentes, tornando a progressão totalmente linear, e perdendo vários pontos de replayabilidade.

Até aqui, tudo muito bom, tudo muito bem...

Mas de repente, Star Fox: Assault decide pousar suas naves e por os pés no chão. E aí, tudo desmorona.


Com o intuito de "variar a experiência", a equipe de desenvolvimento de Star Fox: Assault decidiu incluir missões à pé, onde você controla Fox em um cenário aberto, munido apena de uma arma de fogo e alguns poucos acessórios. Lembra todas as qualidades que eu citei até agora? Pois é, esqueça-as, amasse-as e jogue-as no lixo, pois é isso que as missões à pé de Star Fox: Assault fazem com o jogo. Se dentro das naves, Assault é um jogo belíssimo, fora delas os gráficos sofrem uma decaída horrenda, com cenários repetitivos e nem um pouco inspirados. A jogabilidade fluída das naves dá lugar a um Fox travado e difícil de comandar, com controles ruins e nada funcionais. Nem um cirurgião chinês seria capaz de mirar com precisão durante as missões a pé de Star Fox: Assault. Isso seria apenas ruim, mas na verdade é péssimo, pois o jogo acaba exigindo uma mira precisa em determinadas partes. Alguns diriam que é apenas questão de costume — e realmente é, mas depois que você se acostuma com os controles, você abre os olhos e percebe que o level design dessas missões é pobre e mal elaborado.

Em algumas fases, você poderá controlar o Landmaster, o poderoso tanque da equipe Star Fox. Mas infelizmente, o possante veículo acaba atrapalhando muito mais do que ajudando, pois ele é tão ruim de se controlar quanto as botas de Fox. Para a alegria dos pés cansados dos jogadores, algumas fases também possibilitam o uso da Arwing, que acabam por salvar algumas missões chatas, e até torna-las memoráveis, como a fase em que invadimos a base da Star Wolf, (a equipe rival de Fox e seus amigos), e logo depois partimos para uma dogfight (batalha entre aviões/naves) contra Wolf e seus comparsas.


Pra não dizer que as missões à pé estragam tudo no jogo, a trilha sonora de Star Fox: Assault é espetacular. Ouso dizer, inclusive, que é a melhor trilha sonora da franquia Star Fox, superando até mesmo a de Star Fox 64. Sim, Assault pega alguns temas emprestados de seu irmão mais velho do Nintendo 64, mas apenas para reinterpreta-los em um arranjo orquestrado, tornando-os ainda mais belos e memoráveis do que foram outrora. A dublagem também melhorou bastante em relação a Star Fox 64, mas com essa melhoria, vão-se embora as risadas. Nada muito importante, mas eu sempre caia no riso quando Falco soltava um "Jeez La Weez!" vez ou outra.

Chega a ser incrível o quão destoante são as fases nas naves e as fases à pé. Parece até que ambas foram criadas por equipes totalmente diferentes, uma extremamente competente e outra com pouquíssima prudência. Se você for um gamer razoável, você conseguirá concluir que uma não necessariamente apaga por completo as qualidades da outra, e que no fundo, no fundo, Star Fox: Assault vale a pena.









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E no final, a vitória vai para:

Star Fox 64!


Star Fox: Assault realmente tinha potencial suficiente para destronar o clássico Star Fox 64, mas acabou perdendo parte desse potencial em suas horrendas e entediantes missões à pé. Porém, essas missões não fazem de Star Fox: Assault um jogo ruim como um todo, mas sim um bom jogo com partes ruins. Enquanto isso, Star Fox 64 segue tão funcional, divertido e empolgante quanto em 1997, e continua sendo um jogo obrigatório na vida de qualquer gamer desocupado que se preze.

Bem, galerinha, acho que isso é tudo. Espero que tenham curtido essa "batalha", e se tiverem sugestões para outros embates, basta deixa-las aqui em baixo, nos comentários

Um abraço, e até a próxima!

Por Breno Barbosa

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