domingo, 24 de novembro de 2013

Se não viu, veja! - O Castelo Animado (2004)

Alguém sabe onde vende uma porta que nem aquela do Castelo do Howl?




Fala, galerinha desocupada, tudo beleza com vocês? Aposto que vocês estavam com saudade de mim não é? Quê? Não tavam? Puxa, que triste... então tá, né...

Bem, pra quem é novato por aqui, todo fim de semana, nós aqui do Desocupado tentamos trazer à vocês uma (ou até mais, dependendo do nosso saco humor) recomendação super-bacanuda, sempre relacionada a Cinema, Games, Quadrinhos, Livros, Séries, estofado, cama, mesa, banho e o que mais a gente achar que vale a pena falar por aqui. Esta semana, graças a magia suprema de Howl, não será diferente!

Como vocês já devem ter notado, a indicação desta semana é O Castelo Animado (Howl's Moving Castle, em inglês, ou Hauru no Ugoku Shiro, no título japonês original), animação do consagrado Estúdio Ghibli lançada em 2004(o mesmo de Meu Amigo Totoro, A Viagem de Chihiro e muitas outras pérolas animadas), dirigida pelo lendário Hayao Miyazaki. Apenas a título de curiosidade, O Castelo Animado é uma adaptação do livro homônimo de 1986, escrito Diana Wynne Jones.

Em O Castelo Animado, somos apresentados a Sophie, uma tímida e humilde chapeleira de uma pequena cidadezinha do reino de Ingary. Certo dia, Sophie é abordada por soldados "mal intencionados", e acaba sendo salva por um misterioso e galante mago que por ali passava. Isso acabou atraindo a atenção da Bruxa das Terras Desoladas, uma velha feiticeira cuja a fama equivale periculosidade (e mais feia que acidente de trem); que acaba por jogar uma maldição na pobre Sophie. Aprisionada num corpo velho e debilitado por causa do feitiço, Sophie parte de sua casa, de sua cidade, em busca de uma nova vida. Porém, no meio de suas andanças, ela acaba encontrando o lendário Castelo Animado do mago Howl, conhecido por devorar corações de jovens mocinhas. E agora, o que acontecerá com Sophie? Conseguirá ela se livrar de sua maldição? Irá Howl devorar seu coração? Será que o Felipão finalmente convocará o Kaká pra Seleção ano que vem? Assista e descubra!


9 anos é basante tempo, não é? Sim, 9 anos é tempo pra caramba. Em 9 anos dá pra ver dois mandatos de um mesmo político começarem e terminarem; é o tempo em que aquela coleguinha linda do colégio se torna uma coisa amorfa e asquerosa; olha só, é mais ou menos o tempo que leva pro ônibus chegar na casa daquela sua amiga que mora longe para carvalho! Pois é, 9 anos é realmente muito tempo, e muita coisa pode mudar em 9 anos, para melhor ou para pior. Onde eu quero chegar com isso? Bem, eu fiz todo esse rodeio só pra falar que, mesmo depois de 9 anos de seu lançamento original, O Castelo Animado continua sendo uma das animações mais bonitas que já vi em quase duas décadas de vida, principalmente no que diz respeito a visual. Pra quem não conhece, o Estúdio Ghibli gosta de mesclar métodos tradicionais com digitais em suas animações, ou seja, parte do processo de produção das animações do estúdio ainda é na base da famosa "mão grande". À primeira vita, isso pode parecer algo ruim, pode significar um atraso em relação à outros estúdios de animação, mas acredite: isso é muito mais uma vantagem que um demérito. A animação acaba ficando mais fluida que se fosse feita totalmente em meios digitais. Os movimentos são mais convincentes, mais "verdadeiros", assim como a expressividade dos personagens, que se torna bem mais acentuada. Ainda que mão da tecnologia esteja presente, dá pra notar a paixão dos profissionais que ali trabalharam transbordando a cada novo frame da animação. Pode parecer algo muito meloso, mas pra quem desenha (que é o meu caso), isso é uma coisa que toca fundo no croissant. Há também toda uma atenção especial aos detalhes do cenário e objetos vistos durante o desenrolar da trama. Particularmente, foi essa Direção de Arte extremamente meticulosa que me atraiu e me fez gostar tanto de O Castelo Animado. São tantas coisinhas na tela, tantos elementos — todos encaixados perfeitamente, diga-se de passagem — que você vai querer pausar o filme só pra contar quantos livros há numa escrivaninha de um quarto, por exemplo, ou ver o que há de bom pra comer na dispensa do castelo. Mesmo pausando de hora em hora, e impossível pegar todos os detalhes de uma só vez, o que vai fazer você querer revisitar o filme mais e mais vezes, como eu mesmo fiz antes de escrever este post. O traço e a iluminação simples dos personagens contrastam com a complexidade dos cenários, que mais parecem pinturas de tão bonitos que são. Seja uma salinha pequena ou uma grande paisagem aberta, a qualidade é exatamente a mesma, ambos são um deleite aos olhos. E sabe o que impressiona ainda mais? Todos esses cenários foram desenhados e pintados à mão. Claro, houve um tratamento digital posterior, mas basicamente, tanto os cenários quanto os personagens foram feitos à mão. O mais interessante disso tudo — digo mais uma vez — é que a animação não envelheceu UM SEGUNDO SEQUER desde de 2004. Um segundo sequer!

Consegue notar todos os detalhes? E olha que esse nem é o cenário inteiro...


Com todas essa atenção e carinho na parte visual, é bem provável que o roteiro de O Castelo Animado tenha sofrido as consequências e ficado em segundo plano, certo? Totalmente errado. Aliás, não totalmente errado, mas ainda, assim errado. De uma maneira geral, O Castelo Animado conta a história que queria contar sem maiores erros, sem pressa, com um ritmo tranquilo e fluido (típico das animações do Estúdio Ghibli), atingindo o objetivo principal; mas acaba deixando algumas pontas soltas no decorrer da trana. Não são exatamente furos de roteiro, muito menos atrapalham no entendimento da história e no desenrolar da trama, mas deixam os espectadores mais "atentos" um tanto quanto curiosos. O mundo criado em O Castelo Animado (ou adaptado, se preferir), com todos os personagens que nele habitam e todos os acontecimentos que servem de pano de fundo para a trama principal; é tão interessante que você anseia por saber mais sobre ele, por ver mais daquele universo tão cativante. Infelizmente, o filme não te dá esse "mais" que nós tanto queríamos ver, e acaba nos deixando na mão, só na curiosidade. "Quem é Howl de verdade?", "O que houve no passado dele?", "Qual é a dessa bruxa nojenta?", "O que causou essa guerra? De onde ela vem e pra onde ela vai?". Esses são só alguns exemplos dos questionamentos que o filme levanta e que acaba não respondendo, ou pelo menos não do jeito que esperávamos. Do jeito que eu falei, até parece que filme pisa na bola feio quando se trata de roteiro, não é? Mas não foi isso que eu quis dizer, galerinha. Em poucas palavras, O Castelo Animado é tão bem sucedido em nos apresentar um mundo novo, que acaba nos deixando curiosos demais para apenas um pouco menos de duas horas de filme. Eu também poderia entrar no mérito da fidelidade da animação em relação a obra original, o livro de Diana Wynne Jones, mas acho que vale pena discutir sobre isso. Como o próprio nome já diz, trata-se de uma adaptação, e certas coisas não só podem como serão alteradas, já que estamos falando de duas mídias diferentes (cinema e literatura).

Um detalhe que vale ser citado, porém, são as influência ideológicas do diretor, Hayao Miyazaki, no desenvolvimento da história. A mais notável delas, talvez, é a que vem dos ideais pacifistas de Miyazaki. Não sei se já falei isso anteriormente, mas há uma guerra entre reinos servindo como pano de fundo para a trama principal de O Castelo Animado, e que, posteriormente, acaba influenciado-a (a trama principal) diretamente. Essa suposta guerra pode ser vista como uma referência a Segunda Guerra Mundial, e os acontecimentos vistos na trama central funcionam como uma espécie de fuga daquela realidade obscura, algo bastante parecido com o se é visto em As Crônicas de Nárnia.

"Vô te pegar! Essa é a galera do avião..."


Particularmente, eu assisti O Castelo Animado em sua versão original, com áudio em japonês (e legendas, é claro), mas também fiz questão de dar uma olhadinha nas versões norte-americana (em inglês) e brasileira (em... brasileiro), e posso dizer que ambas mantém a qualidade vista na versão original, isto é, seja com o áudio original ou com a dublagem norte-americana ou brasileira, você não estará perdendo uma só gota de qualidade de O Castelo Animado, pelo menos no que diz respeito a som, é claro. E já que estamos falando de som, a trilha sonora de O Castelo Animado também não deixa nada a desejar. Seguindo a pegada e o ritmo do filme, as músicas são simples, bonitas e tranquilas, nada muito pomposo e grandioso. Acho que não há faixa melhor que o Tema Principal do filme para ilustrar a minhas palavras. Escutem aí:


Hum... err... sim, acho que isso tudo que eu tinha pra dizer. Hora daquela velha notinha marota de sempre, não é mesmo?

E aí está ela -> 9,5 / 10

A não ser que você não tenha um coração no lado esquerdo do peito, não há como não gostar de O Castelo Animado. A qualidade visual, seja nas animações muito bem fluidas (e que não envelheceram um segundo sequer depois de 9 anos desde o lançamento original) ou nos belíssimos cenários hiper-detalhados, é de tirar o fôlego; e o roteiro é tão bom que acaba tropeçando em si mesmo algumas vezes, mas nada que não possa ser relevado.

Infelizmente, O Castelo Animado não está em cartaz nos cinemas já faz um bom tempo (quase 10 anos), mas isso não quer dizer que você deve deixa-lo de lado. Cace-o na internet, nas lojas ou nas locadoras (nas que ainda existem), convide a galera (de preferência na cada daquele com a maior TV, fica a dica) e aproveitem esta maravilhosa animação!

E isso é tudo, galerinha. Obrigado pela atenção e até a próxima!

P.S.: Não é que esteja com uma arma apontada pra minha cabeça neste exato momento, nem que eu esteja sendo obrigado a escrever isso por causa dessa suposta arma (que não existe, nem está apontada pra minha cabeça), mas que este post sirva como uma pequena homenagem à minha amiga Keullyane Lima. Se não fosse por ela enchendo meu saco, eu nem sequer saberia da existência dessa animação, que, pela nota que eu dei, dá pra perceber que eu gostei bastante. Obrigado! Pronto, já posso ir? Vocês não fizeram nada com a minha mãe, né? Graças a Deus...

Por Breno Barbosa

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