sábado, 23 de fevereiro de 2013

Se não jogou, jogue! - Mass Effect (PC)

Quando Star Trek encontra Halo.



E aí galerinha que não faz nada da vida, tudo beleza?

Eu sei que, para muitos de nós, a moleza acabou e as aulas começaram, e para alguns, essa tal moleza nunca existiu, mas, como bons desocupados que somos, sempre encontramos um jeito de deixar as obrigações pra outro dia e nos divertirmos um pouco. Não que isso seja o certo a se fazer, mas é o que sempre acabamos fazendo, de um jeito ou de outro.

Enfim, já tem algum tempo que eu não recomendo um jogo legal para vocês, não é? A ultima vez foi mês passado, com Castle Crashers, e nem só de indicações de filmes vive este que vos escreve, afinal, já dizia Renato Russo: é preciso jogar (e amar) como se não houvesse amanhã. E a indicação dessa semana é o game Mass Effect, primeiro jogo da aclamada trilogia da Bioware que conseguiu mesclar RPG com Shooter e funcionar perfeitamente bem. Lançado em 2007, Mass Effect está disponível em versões para PC, Xbox 360 e, depois de 5 anos de espera, para Playstation 3

Em Mass Effect, o futuro é agora o presente, e viagens interplanetárias e raças alienígenas deixaram de ser mitos e utopias para se tornarem uma realidade corriqueira, e você é introduzido neste grande universo na pele do(a) Comandante (Insira seu nome aqui) Shepard, um(a) soldado terrestre em ascensão, cujo os predicados são definidos por você, jogador desocupado. Porém, nem tudo são flores espaciais, e sua missão como soldado será rastrear e neutralizar um inimigo chamado Saren, um alienígena da raça dos turians que traiu a Aliança Intergalática em busca de um poder há muito esquecido.


Antes de qualquer coisa, é bom estabelecer que gráficos não é um dos pontos fortes de Mass Effect, pelo menos não aqui, no primeiro jogo da trilogia. Não que o jogo seja mal feito - pelo contrário, é um jogo bem bonito -, mas porque os gráficos dataram muito de 2007 para os dias atuais. Ainda levando isso em consideração, há alguns detalhes para os quais não podemos fazer vista grossa ou simplesmente deixar batidos. Um deles é a renderização do jogo, que não funciona muito bem. Não serão poucas as vezes em que você vai adentrar em uma sala ou aterrizar em um planeta e o terreno, as paredes, ou até mesmo alguns detalhes do relevo daquele cenário ainda não terminaram de ser renderizados, ou seja, ao invés de algo em alta definição (como nos é vendido), você verá pixels esticados à enésima potência durante alguns segundos. Pode não parecer um incômodo maior, digno de ser criticado aqui, e até poderia ser perdoado facilmente se não fossem os demorado loadings que o jogo traz. Sejam loadings convencionais, com uma tela parada e algo passeando na tela, ou sejam loadings camuflados nos frequentes passeios de elevador do jogo, o tempo que esperamos neles deveria (e poderia) ser o bastante para arrumar os quartos antes da visita chegar, mas infelizmente isso não acontece. Contratempos à parte, graficamente, Mass Effect brilha mesmo é em sua direção de arte. Tudo é muito original, criativo, ao mesmo tempo em que é familiar. Como já citado na brincadeira que fiz lá no comecinho do post, podemos notar muitas influências de grandes clássicos do gênero Ficção Científica nas mais diferentes mídias. É quase impossível não remeter o universo visto em Mass Effect à dois dos bastiões maiores das odisseias espaciais, Star Wars e Star Trek, sendo este último o mais influente no jogo. A Aliança, grupo politico que reúne as raças mais influentes da galáxia, pode ser identificada como uma referência à Frota Estelar de Star Trek, não concorda? A parte militar do jogo, com humanos geneticamente modificados para a guerra e armas futuristas que se montam em suas mãos, podem se remetidos à algumas características de Halo, série de games de sucesso da Microsoft. Algumas características visuais de Mass Effect também referenciam Blade Runner, clássico da Ficção Científica de Ridley Scott. Passeando pelas cidades de Mass Effect, podemos ver grandes anúncios publicitários, outdoors de grandes marcas e/ou eventos relacionados a mídia, que em Mass Effect tem uma influência importante, marcas registradas do filme de Ridley Scott. Mesmo com todas essas referências - escondidas ou não, verdadeiras ou não -, Mass Effect consegue criar uma identidade visual própria, ainda que com alguns probleminhas na hora do "vamo ver".


Em algum momento da sua vida - inclusive agora, lendo este post -, você deve ter se questionado (ou se questionará): Como diabos se consegue misturar RPG e Shooter (os jogos "de tiro") em um só jogo e fazer com que este funcione bem como ambos os gêneros? A resposta para essa pergunta está em Mass Effect, que mostra que, na teoria, mesmo sendo gêneros tão diferentes, ambos possuem características que se completam mutuamente (nossa, isso ficou meio complicado). No início, Mass Effect soará para você como mais um shooter genérico em terceira pessoa, porém, à medida em que você vai progredindo no jogo, a jogabilidade vai mostrando suas verdadeiras cores, provando ser muito mais densa do que apenas um shooter genérico em terceira pessoa. A começar pelo sistema de classes, que é ligado diretamente à mitologia do universo de Mass Effect, onde podemos listar os seguintes caminhos a se seguir: O Adepto (Adpet), que se trata de um soldado especialista nas artes bióticas (modificações biológicas que permitem que seus portadores obtenham poderes semi-telecinéticos); O Soldado (Soldier), que, como o próprio nome sugere, trata-se de um guerreiro voltado ao combate físico; O Engenheiro (Engineer), especialista na manipulação das mais variadas tecnologias voltadas à batalha; O Vanguardista (Vanguard), que mescla o combate corpo-a-corpo com as habilidades bióticas; O Sentinela (Sentinel), que foca no uso simultâneo de habilidades bióticas e cibernéticas; e o Infiltrador (Infiltrator), mestre na arte da neutralização com armas de curto e longo alcance, incluindo artefatos tecnológicos. À propósito, este último foi a minha escolha para todos os três jogos da franquia. Como você pode notar, todas as classes nada mais são do que novas roupagens para as classes convencionais dos RPGs medievais, como o Guerreiro (que corresponde ao Soldado), o Mago (que pode ser visto como o Adepto), o Ladino (que referencia o Infiltrador), e por aí vai.

Independente da classe escolhida, suas habilidades com elas serão postas à prova no decorrer do jogo. Uma batalha campal massiva contra uma penca de inimigos? Moleza para um Soldado, mas não tão legal para um Engenheiro ou Infiltrador, por exemplo. Caberá a você dar o seu "jeitinho" pra sair dessas constantes roubadas, e é aí que a mecânica de combate de Mass Effect brilha. Cada arma, armadura, granada ou acessório que você recolhe no decorrer do jogo é personalizável. Problemas com o dano baixo da sua pistola? Experimente usar uma munição perfuradora, ou capsulas tóxicas que envenenam os inimigos. O desempenho do seu personagem nas batalhas é proporcional ao nível em que suas habilidades se encontram, tanto as passivas quanto as ativas. O melhor exemplo talvez seja o rifle sniper, o melhor amigo dos Infiltradores. No começo do jogo, o rifle será seu pior inimigo, com uma mira confusa e instável, mas, à medida em que suas habilidades passivas referentes ao uso dessa arma vão aumentando, melhorias visíveis serão implementadas à ela, como uma mira mais coesa e um dano maior contra escudos e barreiras, por exemplo. Outro fator importante de Mass Effect é a escolha dos seus companheiros. Você só pode levar 2 à cada missão, e cada um deles tem uma especialidade diferente, ou seja, escolha bem sua tropa antes partir pra porrada. A minha dica é fazer um time que supra as fraquezas da sua classe. Como Infiltrador, meu personagem sofria com defesa e vitalidade baixas, isso sem contar a ausência de habilidades bióticas. A solução? Meus companheiros nada mais eram que um mercenário de uma raça estritamente militar, especialista na arte da pancadaria, e uma cientista cuja a raça é a mais poderosa no uso de habilidades bióticas. Ou seja, eramos como carne de hambúrguer, queijo prato e pão (francês): a combinação perfeita. Infelizmente, Mass Effect brilha mais no quesito RPG do que no quesito Shooter, já que o combate físico (pelo menos no primeiro jogo) não é o foco principal do jogo.


O foco principal de Mass Effect é definitivamente a trama. Achar um jogo que se preocupe em não só contar uma estória ao jogador, mas inseri-lo diretamente dentro dela, é uma raridade, e cá estamos diante de uma. Logo no primeiro jogo, Mass Effect já estabelece uma mitologia vasta e interessantíssima, brincando com culturas e raças diferentes e pondo-as para interagir entre si, causando o clássico choque cultural entre elas. No universo de Mass Effect, os humanos são uma raça novata nas relações espaciais, uns dos últimos a descobrir os Mass Relays, que são como grandes gatilhos propulsores, capazes de transferir energia suficiente para impulsionar uma nave espacial para outros sistemas solares em questão de segundos. Nós humanos somos também uma das mais novas raças a descobrirem a Citadel, um grande conjunto de enormes plataformas espaciais, interligadas ente si, que funciona como a Torre de Babel da galáxia, onde as mais variadas raças alienígenas se reúnem para comercializar itens e especiarias, realizar reuniões militares ou simplesmente socializarem-se, ou até mesmo para morar na Citadel. É lá que você encontrará tudo o que precisa para sua jornada espacial, desde novos equipamentos para equipe à novas missões e aventuras paralelas, pra descolar uns níveis à mais na frente dos inimigos. O desenrolar da trama de Mass Effect é repleto de surpresas e revelações, sendo que todas elas circundam ao redor de um único fator: você. Não, assim como na vida real, você não é o centro do universo, mas tem um papel bastante importante nele. Além de mesclar shooters com RPGs, Mass Effect também dá a você o poder da decisão. Você não controla um personagem pré-definido anteriormente, mas sim um reflexo da sua personalidade real, ou de uma personalidade que você resolve dar ao seu personagem. Se você é um cara bacana vida real, pode descontar suas frustrações e rancores em um personagem valentão e babaca em Mass Effect, ou dar ao seu Comandante Shepard a coragem e confiança que você sempre sonhou ter em sua vida. Porém, na vida nem tudo é preto ou branco, e Mass Effect tenta ao máximo reproduzir essas particularidades, ainda que de uma maneira limitada (por enquanto). Suas atitudes, escolhas e ações refletem diretamente no rumo da estória, e influenciam desde os seus companheiros mais próximos aos habitantes de planetas remotos, que cantam canções de adoração ou escárnio sobre a sua pessoa, dependendo apenas do modo como você age no jogo. Não há como falar de Mass Effect sem citar seus personagens, que foram criados com uma excelência impar, e cujo o modo com o qual eles interagem com seu personagem só depende de você, podendo resultar em grandes desafetos ou belos romances. Os diálogos do jogo também merecem destaque, pois dão um show à parte. Infelizmente, nem tudo são petúnias intergaláticas, e essa parte do game sofre um pouco com os pequenos problemas gráficos citados mais acima. Algumas cenas importantes perdem o impacto por causa das limitações gráficas, mas nada que interfira drasticamente na sua experiência com Mass Effect.


A parte sonora de Mass Effect é fraca, contando apenas com poucos temas, que ficam se repetindo apenas em determinadas partes do jogo. Não serão poucas as vezes em que você vai estar passeando por um planeta ou realizando uma missão e escutará apenas o barulho dos grilos no fundo. As poucas faixas que você conseguirá "captar" em Mass Effect não são lá tão memoráveis ou grudentas. Talvez a única melodia que vai ficar guardada na sua cabeça por um bom tempo será o breve tema do "Game Over" do jogo. Não se com vocês acontecerá isso, mas eu escutei bastante esse tema... (que, à propósito, é também o tema do vilão do jogo, Saren)


O que brilha mesmo na parte sonora de Mass Effect é a dublagem dos personagens. Algumas são impecáveis, outras nem tanto, mas o conjunto da obra é de uma excelência impar. Certas atuações ganham destaque perante as outras, como a de Seth Green, que empresta sua voz para Joker, o piloto sacana da Normandy, e a de Brandon Keener, que dubla o alienígena Garrus, o seu melhor amigo na tripulação (e em toda a saga Mass Effect).

Ufa, isso é tudo pessoal. Hora daquela parte que você, desocupado safado que não lê uma linha sequer do post, adora: a nota!

E aí está -> 8,5 / 10

Mass Effect é o primeiro jogo de uma das (senão "a") trilogias mais épicas da atualidade, e justamente por ser o primeiro de três, sofre um pouco por ser experimental e não mostrar tudo que é capaz de fazer. Ainda assim, Mass Effect é um jogo único como poucos, e não só um jogo, mas também uma verdadeira odisseia espacial de fazer inveja à qualquer "galáxia tão tão distante".

Portanto, pegue suas armas, vista sua armadura e dê início à essa ópera intergalática ao lado de todos os tripulantes da Normandy!

P.S: Se eu vou falar dos outros dois jogos da trilogia Mass Effect? Pode ter certeza que sim!

Por Breno Barbosa

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